AMOR E PAIXÃO



Atualmente, existe um consenso de que podemos amar milhares de vezes ao longo da vida e cada vez mais. Mas, para isso, temos de aprender a ficar sozinhos.

            Muito se falou que amor é uma coisa e paixão é outra. Entretanto, estudos recentes apontam que é preciso estar apaixonado para amar e fazer as coisas sem paixão é a mesma coisa que beber agua sem se estar com sede. Se você se sente vazio ou apático antes de começar um relacionamento, é assim que você ficara durante tal relacionamento.

            Mulheres das mais variadas idades consideram o casamento, uma espécie de contrato, homens consideram que mulheres ainda são para cuidar de casa e filhos e as famílias assinam embaixo. Eles chamam essa “prostituição institucionalizada” de “amor”.

            Ainda prevalece na sociedade moderna a ideia de que o homem ideal deve ser rico e a mulher ideal, bela e de preferência sem muita cultura e inteligência, pois assim tornam-se excelentes empregadas conjugais.

            Apaixonar-se é muito gostoso. Durante a paixão damos o melhor de nós mesmo, o que nos faz mais charmosos, inteligente e carinhosos. Depois de um tempo, tudo torna-se morno e passa a se chamar “relação”, não é isso? E somos arremessados na dura realidade. O que está acontecendo é a divisão de nossa tão tranquila vidinha solitária com outrem. Estamos compartilhando e tínhamos até esquecido como se faz isso... um dia, chega a inevitável questão: “Fiz a escolha certa? ” Logo a seguir nos deparamos com: “Mas ele não era assim”; “Ela me enganou”; “Ele me deixava tão segura”; “Ela era tão carinhosa”; “Ele é muito agressivo”; “Ela mente muito”; “Nós nos amávamos, mas não nos entendíamos”. Sim, porque a primeira indagação “Será que fiz a escolha certa” já está levando o tal “amor” à bancarrota. E não estamos dizendo que não era amor, mas cadê a perseverança e a paciência mútuas?


MITOS SOBRE O AMOR

     1)     Só se ama uma vez. – Espere a vida inteira por sua alma gêmea e morrerá esperando uma.
     2)     O verdadeiro amor atura tudo! As traições dela, a falta de vida sexual, a violência, as agressões, mesmo que verbais etc. – O amor não é burrice.
     3)     Quando conhecer o verdadeiro amor, você saberá. A química da primeira vista... – Isso pode ser mera atração física, nada mais.
     4)     O amor lhe oferece a mais absoluta liberdade. – Esquece. Amar pode significar ciúmes, tristeza e prisão para um ou os dois envolvidos.
     5)     O parceiro perfeito é: lindo, charmoso, inteligente, compreensivo, confiável, engraçado e rico. A parceira perfeita é: linda, sociável sem ser vulgar, ama incondicionalmente; é inteligente, sexy, adora crianças e animais e vai cativar toda sua família. – Isso não existe, todo mundo tem defeitos.

VERDADES SOBRE O AMOR

     1)     Não tema perguntar o que for preciso por medo de que o outro nos entenda mal. Isso nos impede de saber muita coisa ou só sabemos bem depois.
     2)     Seja o mais sincero que puder. Ou melhor: seja absoluta e cruelmente sincero. Seja você mesmo sem disfarces.
     3)     Não faça nada de que realmente não goste somente para agradar. Abra o jogo. Não faça elogios vazios. Elogie apenas o que realmente gosta.
     4)     Não desperdice a frase: ”Eu te amo”, mas se sentir impulsos a dizê-la, mesmo fora de hora e lugar, diga.

O QUE NÃO DÁ CERTO

     ·         Preocupar-se mais com o outro do que consigo.
     ·         Apaixonar-se por uma concepção sua.
     ·         Ter pena ou querer “salvar” o outro.
     ·         Ficar com alguém por falta de opção ou desespero.
     ·         Ficar para ter uma parceria na velhice.
     ·         “Ah, ele não deixa faltar nada em casa”. Quando isso é desculpa para os defeitos dele.
     ·         “Mas ela cozinha bem”. Quando isso é desculpa para os defeitos dela.

O QUE VALE A PENA

     ·         Alguém que confesse gostar muito de aprender.
     ·         Reconhecimento de defeitos e intenção (não promessa) de mudança.
     ·         Total franqueza e abertura emocional.
     ·         Integridade e maturidade.
     ·         Responsabilidade.
     ·         Humor refinado.
     ·         Autoestima alta.
ESTUDO CIENTIFICO

            Através de um estudo cientifico da psicologia experimental, um grupo de cientistas liderado pelo psicólogo James McNulty, da Universidade da Flórida, analisou 135 casais heterossexuais para os primeiros quatro anos de casamento. A ideia foi avaliar, por meio de exames de semestre, o sentimento mais visceral e instintivo entre eles.

            Uns dos mecanismos de avaliação foi o de mostrar ao participante uma fotografia do seu cônjuge em 300 milissegundos, seguida por palavras como, “grande”, “extraordinário”, “extravagante”, “sensacional”, ou seus antônimos: “terrível”, “horrível”, “repugnante”, “desagradável”. Ao pressionar um botão, a pessoa tinha de decidir se a imagem correspondia à determinada palavra. Quando a palavra era positiva, os parceiros acionavam a chave rapidamente. Para repúdio ou negação, o tempo de acionar a chave era maior. A velocidade do tempo de reação revelou que esses sentimentos não são filtrados pela razão, mas surgem das profundezas do cérebro, onde os impulsos e reações involuntárias a estímulos têm origens distintas.

            O teste baseou-se no princípio da associação psicológica que pode detectar se, após o ponto de vista fugaz da imagem, o estado mental dos participantes é positivo ou negativo.

            O professor McNulty e sua equipe descobriram que recém-casados responderam de forma mais positivas, expressando alegria dos relacionamentos devido ao romantismo produzido presente neles. Mas as respostas automáticas variaram significativamente em relação às declarações mais razoáveis a respeito de carinho e felicidade.

RESULTADOS

Os pesquisadores descobriram que os participantes que tinha reagido negativamente durante os exames tinha como tendência expressar uma crescente insatisfação com o casamento, com o correr do tempo. Tanto que o estudo se transcorreu por quatro anos, ao fim dos quais alguns decidiram se divorciar.

            “Todos acreditam e se esforçam a mostrar aos outros que há um bom relacionamento entre os cônjuges. Mas as pessoas começam logo a mudar de opinião, com o tempo, a respeito da estabilidade emocional de seu casamento; na maioria das vezes, as sensações levam a se convergir para uma desarmonia”, declarou McNulty, em seus depoimentos e palestras.

            Em sua pesquisa, publicada na notória revista norte-americana Science, em 2013, McNulty sugeriu a necessidade de dar aos sentimentos mais íntimos a importância que eles realmente merecem, especialmente quando se trata de um verdadeiro relacionamento entre parceiros efetivos. Sentimentos que passam por todos os filtros da razão, que correm o risco de se tornarem um autoengano. “Não tenho a certeza de que os nossos lobos frontais estão além de nossas atitudes automáticas, mas o que eu posso dizer é que, às vezes, os nossos sentimentos viscerais podem ser mais precisos do que os nossos pensamentos mais deliberativos”, concluiu McNulty.


Fonte: Back, Freferic, 1954- Psicologia aplicada ao contidiano / Frederic Back. – São Paulo: Hunter Books, 2016.

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