O Brasil é o segundo país do mundo em
número de academias de ginástica, e o treinamento de força (musculação)
destaca-se como a atividade mais praticada nesses locais. Ao longo dos anos,
pesquisas evidenciam os benefícios do treinamento de força (TF) e mostram novas
perspectivas em relação à aptidão física e à qualidade de vida.
Esses achados têm importantes
implicações para o estado de saúde da população que frequenta academias de
ginasticas e/ou indivíduos que precisam de cuidados especiais, como portadores
de doenças cardiovasculares, câncer, artrites, diabetes, obesidade, entre
outras. Contudo, para que os benefícios do TF sejam otimizados, é preciso que a
prescrição do treinamento seja especifica para as características do indivíduo,
considerando fatores como idade, aptidão física, histórico de treinamento e
tolerância psicológica e física. (7)
Entre os benefícios de TF,
destacam-se o aumento da força muscular, da potência, da resistência, da
hipertrofia, da velocidade e agilidade e no equilíbrio e prevenção de lesões.
Porém, daremos ênfase na força e na hipertrofia muscular.
O que é força muscular?
Por classificação, força muscular
pode ser definida como a superação de uma dada resistência pela contração muscular.
Knuttgen e Kramer apresentam um conceito onde, caracteriza força como a
quantidade máxima de tensão que um músculo ou um grupo muscular pode produzir
em um padrão especifico de movimento realizado em determinada velocidade. (7)
O que é hipertrofia muscular?
Hipertrofia muscular pode ser
definida como um aumento no tamanho das fibras musculares ou de um músculo
devido a um maior acúmulo de proteínas contráteis no interior da célula
muscular. (10)
REVISÃO DA
LITERATURA
O treinamento de força é uma
importante modalidade de atividade física para obter relevantes adaptações
musculares (Schoenfeld e colaboradores, 2015) tanto para atletas que desejam
obter aumento no desempenho de força, potência e hipertrofia (American College
of Sports Medicine, 2011), quanto para indivíduos normais que visam o
fortalecimento do corpo e a prevenção de doenças (Warburton e colaboradores,
2006). (4)
Quando um músculo ou grupo muscular é
submetido ao treinamento de força (também chamado musculação), os principais
ajustes são o aumento da capacidade de produção de força e da massa muscular
(hipertrofia). Existe uma relação direta e linear entre o tamanho da massa
muscular e o desempenho de força, ou seja, quanto maior a área de secção transversa
de um músculo maior a sua capacidade de gerar força. Assim, a hipertrofia dos músculos
esqueléticos possui, além de um aspecto estético, um caráter funcional
importante. (10)
O TF com cargas elevadas não é a
única estratégia para quem deseja obter bons resultado e que a manipulação da
intensidade sobre o volume em uma periodização é extremamente importante. (4)
Para hipertrofia do músculo
esquelético, alguns estudos que analisaram baixas cargas e maiores volumes
mostraram bons resultados e quando comparados a altas intensidades e menores
volumes foram tão eficazes quanto no aumento da área de secção transversa. (4)
Treinamentos com menores intensidades
e que mostrem bons resultados nas adaptações musculares podem contribuir para
uma melhor adesão dos praticantes em TF uma vez que aparentemente são menos
exaustivos (Alegre e colaboradores, 2015). Podem ser uma boa estratégia para
que se evite lesões, já que em intensidades mais altas as sobrecargas nas
articulações são maiores quando comparados com os treinos de menores cargas
(Schoenfeld e colaboradores, 2014). (4)
Sessões de treinamento que visam
maiores volumes podem ser benéficos para ganhos de força e resistência muscular
(Schoenfeld e colaboradores, 2015), bem como para hipertrofia (Schoenfeld e
colaboradores, 2015; Buresh e colaboradores, 2009). (4)
Um dos motivos pelos quais os
exercícios com pesos foram incluídos nos programas de emagrecimento, foi por
este parecer aumentar o gasto de energia no repouso, pelo aumento da massa
muscular (Schwingshandl e colaboradores, 1999). (5)
RELAÇÃO TEMPO/RESULTADOS
Um estudo (5) com objetivo
de analisar o efeito de 12 sessões de TF com intensidade moderada (60% 1RM)
realizados 3 vezes por semana na composição corporal de um indivíduo do sexo
feminino, adulta e sedentária mostrou que houve uma redução da massa corporal
total e massa gorda e ocorreu aumento da massa magra.
Um estudo (4) com objetivo
de revisar a influência de baixas cargas e alto volume de trabalho no
treinamento de força mostrou que o treinamento com baixas cargas e maior volume,
com base em estudos com divisões entre 8 a 12 semanas de treinamento, foi capaz
de promover hipertrofia de maneira similar ao treinamento com menor volume e
maior sobrecarga tanto para membros superiores quanto inferiores.
Outro estudo (3)
objetivando verificar o impacto de oito semanas de treinamento com pesos (TP) sobre
a força muscular com 23 homens e 15 mulheres, aparentemente saudáveis e
moderadamente ativos (atividade física regular < 2 vezes por semana), foram
submetidos a um programa de TP composto por 10 exercícios para os diferentes
grupos musculares durante oito semanas consecutivas, sendo 3 séries de 8-12 RM executadas
em cada exercício, em três sessões semanais intervaladas a cada 48 horas.
Os resultados sugerem que o período
de oito semanas de TP parece ser suficiente para promover modificações
significantes na força muscular de homens e mulheres, em diferentes segmentos
corporais (membros inferiores, tronco e membros superiores).
Teve também um estudo (6)
com objetivo de avaliar as mudanças iniciais no tamanho e arquitetura do
músculo durante um programa de treinamento de resistência de alta intensidade
(RT) de 35 dias, onde resultados mostram
pela primeira vez que as alterações no tamanho do músculo são detectáveis
após apenas 3 semanas de RT e que a remodelação da arquitetura muscular
precede os ganhos no músculo. A hipertrofia muscular parece contribuir para
ganhos de força.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Analisando
os estudos e artigos concluímos que o treinamento de força é um grande aliado
para hipertrofia muscular. O TF feito de maneira regular (≥ 3 vezes por semana)
durante 8 semanas já se mostra eficiente para hipertrofia muscular e a partir
da 3 semana já se vê alterações no tamanho do músculo. Estudos associam essa
hipertrofia em curto prazo com as adaptações que acontecem quando um indivíduo
começa um programa de treinamento de força de forma constante.
A
hipertrofia muscular parece contribuir para ganhos de força.
REFERÊNCIAS
1 - A. Marcos. QUANTO TEMPO LEVA PARA SENTIR O RESULTADO
DA MUSCULAÇÃO. In http//malharbem.com.br/quanto-tempo-leva-para-sentir-o-resultado-da-musculacao/
, acesso em 04 de novembro de 2017.
2 - BRUCE, Carlos. SAIBA QUANTO TEMPO DEMORA PARA GANHAR
MASSA MUSCULAR. In https://www.tuasaude.com/quanto-tempo-demora-para-ganhar-massa-muscular/
, acesso em 04 de novembro de 2017.
3 - DIAS, Raphael [et
al.]. IMPACTO DE OITO SEMANAS DE
TREINAMENTO COM PESOS SOBRE A FORÇA MUSCULAR DE HOMENS E MULHERES. (in
Revista Brasileira Medicina e Esporte _ Vol. 11, Nº 4 – Jul/Ago, 2005)
4 - NASSER, Igor. NETO,
V. G. Corrêa. TREINAMENTO DE FORÇA COM
BAIXAS CARGAS E ALTO VOLUME PARA HIPERTROFIA: análise de parâmetros
moleculares. (in Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício
ISSN 1981-9900 versão eletrônica).
5 - NUNES, F. Borges.
SOUZA, Eliene. EFEITO DE 12 SESSÕES DE
TREINAMENTO RESISTIDO NA COMPOSIÇÃO CORPORAL: um estudo de caso. (in
Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício ISSN 1981-9900
versão eletrônica).
6 - O. R.
Seynnes, M. de Boer, M. V. Narici. EARLY SKELETAL MUSCLE
HYPERTROPHY AND ARCHITECTURAL CHANGES IN RESPONSE TO HIGH-INTENSITY RESISTANCE
TRAINING. In
http://jap.physiology.org/content/102/1/368
, acesso em 04 de novembro de 2017.
7 - PRETES, Jonato... [et
al.]. PRESCRIÇÃO E PERIODIZAÇÃO DO
TREINAMENTO DE FORÇA EM ACADEMIAS – 2.e.d. – Barueri, SP: Manole, 2016.
8 - RIBEIRO, Fernando. HIPERTROFIA: Quanto tempo é necessário para
ter resultados? In https://www.musculacao.net/hipertrofia-quanto-tempo-e-necessario-para-ter-resultados/
, acesso em 04 de novembro de 2017.
9 - RODRIGUES, Bianca. BENEFÍCIOS DO TREINAMENTO DE FORÇA EM
ADOLESCENTES. Trabalho de Conclusão de Curso, UniCEUB. Brasília, 2014.
10 - TRICOLI, V. PAPEL DAS AÇÕES MUSCULARES EXCÊNTRICAS NOS
GANHOS DE FORÇA E DE MASSA MUSCULAR. (in Revista da Biologia (2013) 11(1):
38–42 DOI: 10.7594/revbio.11.01.06)
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